domingo, 18 de novembro de 2012

DRAMA DE MULHER

          

O publico, no juri, ouvia atento...
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Um moço pobremente apresentado
Era o terrível réu em julgamento .
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Prosseguia a falar o promotor:
- Senhor do concelho de sentença
A casa da justiça é uma casa que pensa.
Certo já conheceis
O perigoso salteador 
Que temos sob a vista,
É homicida e ladrão 
Quer, por vezes, passar, por jovem cientista,
furtando assinaturas, 
Falsificando documentação...
Não tem vinte e seis anos de contado
E não passa de reles celerado.
Se vos escravizais a compaixão cediça.
Que será da justiça?
Representais aqui toda a comunidade,
Examinai o delinquente,
Estudando á vontade
O processo que o mostra claramente.
E condenais sem medo,
Sem que o falso carinho vos degrade
O sentido de ordem, de defesa
contra o império do mal
Que ameaça ferir a natureza,
De maneira fatal...
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O silencio pesou na sala imensa,
Toda a assembléia escuta, extática e suspensa.
Por fim o promotor, depois de grande pausa, 
Anunciou em voz tonitroante:
- Aos senhores jurados nesse instante,
Peço a condenação do réu em causa.
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Antes, porem que o tribunal
Fosse parlamentar em confidência,
Uma senhora idosa da assistência
  Extremamente pobre por sinal,
Ergue-se e diz:
Senhor juiz, rogo o vosso perdão, mas serei breve.
Sou eu a testemunha não ouvida,
Muito embora arrasada, ante os golpes da vida,
Eu sou a mãe do réu passível de sentença.
Há muito tempo, eu fui uma jovem simplória,
E o senhor promotor
Era um moço robusto, um jovem de talento.
Amamo-nos os dois, com redobrado ardor,
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E tivemos um filho,
Fora do casamento:
- O réu que há nesta sala...   
Mas, chegando a criança
Ele me abandonou, matando-me a esperança
De um lar que nunca tive, mas sempre sonhei...
Entreguei-me ao serviço
E meu filho cresceu, sem saber disso.
Fiz-me, para cria-lo, humilde lavadeira,
Sofrendo privações a vida inteira...
Dei a meu filho, a escola, o sustento o agasalho,
Mas não pude guia-lo as bençãos do trabalho.
Faltou-lhe o pai á vida e para dar-lhe o pão,
Passei toda a existência em dura servidão...
Nunca vendi amor, nunca fui prostituta,
Vivi de sacrifício, entre a doença e a luta...
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E aquela estranha voz
Que demonstrava em si padecimentos atroz,
Prosseguiu:  - Excelência,
Como julgar por nós as tramas da existência?
Meu filho, o triste réu, é um pobre vagabundo,
O promotor que acusa, é o pai que o pôs no mundo...
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Acrescentou, em prantos:
- por que Deus fez as mães pra sofrer tanto?
Por que senhor juiz?,
Tenho um filho que eu adoro
Para vê-lo tão triste e desprezado,
Tão sozinho e infeliz ?
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O silêncio caiu na sala imensa,
No promotor, agora a face era de cera,
Ninguém se levantou, nem se moveu,
Toda a comunidade emudecera...
Mas o juiz discreto usa o lenço em que estanca
O pranto que lhe encharca a longa barba branca...
E homem de consciência limpa e nobre coração
muito embora chorasse,
Mostrando a imensa dor que lhe cobria a face,
Declarou desejar a revisão
do processo, de todo, não julgado,
Depois, ergueu-se, tremulo, cansado,
E adiou a sessão.
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Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Maria dolores








sábado, 11 de fevereiro de 2012

QUE É DEUS

                   Que é Deus? pergunta o cientista
                    Ninguém o viu jamais, será que ele e existe?
                    Responde rapidamente o materialista
                    Deus é apenas uma invenção de fé.

                    O pensador diz sensatamente
                    Não vejo Deus mas sei que ele existe.
                    A natureza mostra com certeza,
                    Onde o poder do criador existe.

                    Mas o poeta diz com segurança
                    De quem afirma porque tem certeza,
                    Eu vejo Deus no rizo da criança
                    No céu no mar na natureza.

                   Contemplo Deus no brilho das estrelas
                    No olhar das mães que fitam os filhos seus,
                    Nas noites de luar claras e belas,
                    Em tudo pulsa o coração de Deus.

                    Encontro Deus nas flores e nos prados
                    Nos astros que rolam pelo infinito,
                    Escuto Deus na voz dos namorados
                    E sinto Deus na lagrima do aflito.

                    Percebo Deus na frase que perdoa,
                    Eu vejo Deus na mão que acaricia,
                    Encontro Deus na criatura boa
                    E sinto Deus na paz e na alegria.

                    Contemplo Deus no médico que cura
                    Percebo Deus na dor que nos irmana,
                    Encontro Deus no sábio que procura,
                    Compreender a natureza humana.

                    Percebo Deus num gesto de bondade,
                    Escuto Deus no cântico do crente,
                    Eu sinto Deus no sol, na liberdade,
                    Eu vejo Deus na planta e na semente.
                 
                   
                                            Em tudo eu vejo DEUS
                                       E tudo fala, nos poderes seus
                                       Eu vejo Deus nas expressões da arte
                                       No amor dos homens também vejo Deus.

                        Mas onde vejo Deus na expressão mais bela
                        Na sua mais profunda vibração,
                        Não é no coração da natureza
                        E sim no meu próprio coração. 
                   

                   

sábado, 21 de maio de 2011

AFEIÇÕES

Se pretendes conquistar as bençãos do amor na vida,
Não  prendas, alma querida, o coração de ninguém.
O amor é assim qual o rio, que tanta grandeza encerra,
Ele, o irmão, a irmã e a terra, unidos fazendo o bem.
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Se a terra prendesse o rio, Ei-lo pântano perfeito;
Se o rio larga-se o leito, eis o deserto a reinar;
Mas se um apoia o outro, trabalhando livremente,
Formam a grande corrente, que se renova no mar.
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Nessa linha as afeições, sob o respeito profundo
Que devemos dar ao mundo,aos que amamos - teus e meus  -
São sempre o amor sem mudança, em constante primavera,
A luz divina que espera,  MAIS LUZ NAS LUZES DE
                              DEUS.

PARA MELHOR SERVIR

                                                 
                                                    Diz a lenda que, um dia                                                  
                                                    Abandonada sob a terra fria,
                                                    A semente cansada, perguntou ao Senhor:
                                                    ---Por que me vejo a sós, morrendo sufocada,
                                                   Como quem deve estar sob lodo e pancadas,
                                                   Afinal, que fiz eu?!..
                                     
                      Entre tanto, o Senhor não respondeu...
                                                               
Mas depois de algum tempo,
Ao solo que se enfresta,
Maravilhosa mente transformada
 Em ramo, aroma, flor e fruto,
Orgulho-se de ter por privilégio e por dever
O encargo de ser pão na mesa em festa.
 E tocada de vida superior,
Agradeceu a Deus em prece e louvor.

Conta-nos outra lenda
Que uma ovelha esquecida em remota fazenda
Gritou ao céu, na hora da tosquia:
---' Por que o expõe a ventania,
Nesta nudez tamanha?...
Olha a rude tesoura que me apanha...
Afinal que fiz eu?!...

                   O céu no entanto nada respondeu...

Mas depois de alguns dias,
Encontrou a criança
Que lhe vestia a lã, sorrindo de esperança,
Alegrou-se notando o seu próprio trabalho,
Sustentando o calor e doando agasalho
Em auxilio de alguém!...
E agradeceu à vida
A elevada missão de que fofa incumbida
Pela fonte do bem!...

                  Assim também, alma querida e boa,

Quando a dor te transformar o coração em chamas
De sofrimento a requeimar-te o peito,
Não reclames perdoa,
E nem perguntes, amas!...
De todo o golpe, humildemente aceito
Deus fará nascedouro alto e fecundo
De paz, felicidade,ensino e elevação
Que se façam degraus de perfeição
Pelo qual o Céu desça e felicite o mundo!...

           Aprendamos a dar o teto, a escola,
            O prato, a veste, a luz que asserena e consola
            Onde a penúria geme e onde a sombra se avulta,
            De vez que só retemos o que damos,
            Entretanto jamais nos esqueçamos
            Daquela caridade doce e oculta,
           Quantas vez desprezada e incompreendida,
            Que trabalha e se esquece
           A fim de sustentar as construções da vida!...
            Porque somente o amor em controverso,
           A sofrer e a calar para melhor servir,
           É o centro de equilibro do Universo,
           O apoio do presente e a força do porvir.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

CONVITE

Se te vês nesta noite, 
De alma desencantada e dolorida, 
Concentrando a atenção na angustia que te invade,
Medita coração,
Nos outros companheiros que se vão
Nos caminhos da vida,
Sob as pressões da prova e da necessidade.
                       xxxxxxxx
Regresso agora de estirado giro,
Para buscar-te aqui no teu doce retiro,
A calma da oração,
Entre tanto, alma irmã, se me permites,
Comentarei as dores sem limite,
Da multidão agoniada
Que encontrei na jornada.
          xxxxxxxx
Com certeza, já vistes
As trevas e aflição de tantos quadros tristes,
Mas peço ainda o teu consentimento
Afim de relembra-te
O vasto espinheiral do sofrimento.
            xxxxxxxx
Deixa enfim, que eu te diga,
Alma fraterna e amiga,
Quanta amargura vi por onde andei...
Vi mães em catres de doença e lutas,
Lançando petições que a terra não escuta,
Pedindo em vão, a xícara deleite
Para o filhinho semi-morto
Agonizando a míngua de conforto...
Vi outras nas calçadas,
Carregando no colo os anjos de ninguém
Pobres irmãs abandonadas
Aspirando a escalar as alturas do bem.
Acompanhei velhinhos,
Outrora moços de bonito porte,
Tão fatigados tão sozinhos
Que pediam a Deus a compaixão da morte.
Achei muitos irmãos enfermos e cansados
Em desespero  imanifesto
Sem pensar nas terríveis conseqüências
Que nascem desse gesto.
Vi crianças ao leu com febre sono,
Relegadas a noite em penoso abandono...
Visitei tanto lar vazio de esperança,
Tantas mansões em lágrimas ocultas
E tanta dor nas choças das favelas,
Que, de fato, não sei explicar a contento,
Onde há mais solidão e onde há mais sofrimento
Se nas casas mais ricas e mais altas,
Ou nas outras mais tristes, mais singelas...
Por isso venho aqui alma querida e boa,
Para pedir qualquer migalha,
Em favor de quem chora...
         xxxxxxx
Ama, ensina, trabalha,
Sofre ajuda perdoa ...
Lá fora, um mundo novo nos espera
Por nossa fé sincera
Traduzida em serviço...
Olvida a própria dor... Lembra-te disso:
Temos nós com Jesus a obrigação
D esquecer-nos e agir
Para que a paz do bem seja a paz do porvir.
Não te percas em lágrimas vazias
Pensas na força que irradias
Pela fé que Jesus já te consente,
Deixas as tribulações e os pesadelos
Que te fazem chorar,
Reflitamos no amor sinceramente,
Anota as provações de tanta gente,
Sai de ti mesmo e vamos trabalhar...
                          MARIA DOLORES

terça-feira, 17 de maio de 2011

MENSAGEM DO MAIS ALTO


                            Ao Espírito Sábio que encontrara nas alturas imensas,
                            Porque me perguntara se vinha para a terra,
                            Dei a resposta, afirmativa mente,
                            E indaguei reverente, se ele algo queria que eu fizesse
                            Algum aviso, alguma prece, algum recado salvador...
                                              ------------      -----------
                           Mas aquele Celeste Mensageiro
                           Fitou, ao longe, as paisagens terrenas
                           Abraçou-me fraterno e disse apenas:
                                          ------------
                           --- Se vais de novo ao mundo,
                          Dizes aos nossos irmãos para unirem as mãos
                          No serviço do bem.
                          Irmã Dolores vai! Onde encontres problemas,
                          Falas em Jesus e nada temas.
                          Onde escutes a voz que amaldiçoa,
                          Pronuncia com Cristo a frase que perdoa...
                          Diz aos nossos irmãos que o ódio tudo atrasa,
                          Quando nos empenhamos a melhora,
                         Impondo a nós em nossa própria casa,
                         Em formas diferentes, pela reencarnação,
                         Inimigos ousados e doentes,
                         Aos quais não desculpamos noutras eras...
                         Recorda aos companheiros ofendidos
                        Que mais vale chorar, com feridas abertas
                        Que alardear poder aos pés dos agressores
                        Que passam sobre a terra, esmagando os vencidos
                        Nas estradas incertas,
                        Se alguem clama que sofre, não vaciles dizer
                        que mais vale aguentar e padecer
                        Pedrada, privação, calunia e insulto
                        Qualquer espécie de suplicio oculto
                        Que condenar alguem,
                         Porque Jesus nasce Mais Além
                         E tudo acertará, de segundo a segundo,
                         Sem que ninguém precise
                        Aumentar no caminho as tristezas do mundo...
                        Onde encontres o espinho da amargura
                        Fala em trabalho, a força da esperança,
                        Que olvida o lodo e fita, além, na Altura,
                       A presença de Deus no sol que não descansa
                       E ampara a qualquer um sem deter-se no mal...
                       Vai, Dolores e dize a toda a angustia humana,
                       Que a vida, alem da morte, brilha soberana,
                       Sempre justa e sublime, amorosa e imortal.
                               ----        ----
                Nisso, desci na terra, entre os amigos,
                A fim de pedir repleta de alegria,
                Alma irmã, prossigamos, dia-a dia,
                Pela fé viva e ardente, caminhemos,
                Procurando servir e compreender
                Como simples dever,
                Porque nos Páramos Supremos,
                Alguem nos vê alguem nos fala e vela,
                Para que a nossa estrada
                Venha a ser cada vez mais brilhante e mais bela,
                E que, um dia, por fim, a nossa própria dor
                Há de se converter em divina alvorada,
                Entre as bençãos da paz e a grandeza do amor.

SERVE E COMFIA


Escuta,alma querida,                                                    
Se alguma provação te atinge os caminhos da vida        
E a jornada te cansa,                                                      
Pensa na bênção da esperança                                      
E olha, em torno de ti,no dia-a-dia,                                
Das entranhas do abismo, aos reinos estrelares,                                  
A natureza em todos os lugares,                                    
Ao entregar-se a Deus, age,serve e confia.                    
                 xxxxxxxxxx                                                  
Equilibra-se o mundo, polo a polo,                                                
Sem qualquer atropelo,                                                
O verme aduba o solo,                                                
Confiante em que o sol a de aquecê-lo.                      
               xxxxxxxxxxx                                                
A tamareira do deserto
Permanece em trabalho,
Mas  no dia esfogueante, sabe ao certo,
Obedecendo a vida e servindo a contento,
Que a noite lhe dará o socorro do orvalho
Por bendito alimento.
          xxxxxxxxxxx
Pensa na história do minério bruto;
Dizem que quando preso as flagelos do forno,
Ei-lo a emitir imprecações em torno,
A estremecer de horror, de pedaço em pedaço,
E o céu lhe muda a forma em sublime processo,
Dele fazendo as altas vigas de aço
Assegurando a força do progresso.
            xxxxxxxxxxxxx
Assim também, alma querida e boa,
Quando a prova te doer,
Não desanimes, segue e busca a frente
Porque a paz do senhor vela constantemente
Sobre toda a Criação...
          xxxxxxxxx
Por mais pesada a luta em que te vejas,
Conserva o coração
Vestido de tarefas benfazejas.
       xxxxxxxxxx
Entre os braços amigos da esperança,
Guarda sempre, os deveres teus e meus,
Quanto possas, trabalha, ajuda e avança,
Serve e confia em Deus.